Cuiabá, MT - - 19 de Abril de 2024

Laudo de crime inocenta ou acusa
04/12/2019 /
Neste dia 4 de dezembro, homenageamos os profissionais que se dedicam a descobrir a verdade e a provar que não existe crime perfeito
  

 Uma profissão que ainda é desconhecida por muitas pessoas. Muitos, de fato, acham que o perito criminal atua apenas na cena do crime recolhendo pessoas mortas ou cápsulas de arma de fogo, mas o universo da Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) é imenso e atua em vários setores buscando a verdade para promover a justiça e reduzir a impunidade.


A profissão exige dedicação e empenho por parte dos profissionais que atuam na elaboração dos laudos que subsidiam toda e qualquer investigação criminal. A reportagem foi até a Politec e conversou com alguns profissionais que dedicam a sua vida a serviço da verdade. O perito Antônio Carlos de Oliveira atua na gerência de Perícias de Balística, e passou no concurso da Politec em 2003. Atuou em vários setores da perícia e hoje atua no setor de balística, que é onde mais se identificou na função.


No local são realizados os exames de eficiência de arma de fogo e munições, confrontos balísticos e exames de todo e qualquer crime que envolva arma de fogo. “Um exemplo: se há apenas um exame de local de crime e foram encontrados apenas projéteis ou estojos, e o policial quer saber quantas armas atuaram no crime, são enviados os estojos para fazer confrontos entre eles para ver quantas armas estariam envolvidas”, disse Antônio.


Entre os fatores que dificultam o trabalho na gerência de balística se destaca a falta de banco de dados de imagens. O banco de imagens, segundo o perito, traria uma maior efetividade no exame pericial. Segundo explicou Antônio, se eles tivessem um sistema para linkar as armas e quais os locais elas já estiveram, facilitaria o trabalho. 


“Ficaria mais fácil entrar e ver as imagens dos objetos já recolhidos. Por exemplo, determinada agência bancária foi atacada por um grupo e esse mesmo grupo invade outra agência bancária em determinado local ou até mesmo fora do estado, isso [sistema] facilitaria muito”, contou.


CASOS MARCANTES 


O perito lembra o trabalho realizado pela Politec, na elucidação da Operação Mercenários desencadeada pela Polícia Civil, que desarticulou um grupo de extermínio em Várzea Grande, e após exames de balística foi comprovada a participação de policiais.


“No início tivemos uma dificuldade muito grande, justamente pela falta de banco de dados de imagem. Porém ao executar diversos exames e conseguir delimitar o uso de um certo número de armas, criamos o nosso próprio banco de dados, com planilhas e de uma forma e outra conseguimos linkar os locais sem que antes precisássemos realizar o exame físico entre todos eles. Dessa forma conseguimos determinar que várias pessoas e armas participavam desse grupo e em quais locais o grupo atuou. Assim, foi concluído o inquérito e os responsáveis encontrados”.


Para finalizar, Antônio disse que o Instituto de Criminalística de Mato Grosso foi o primeiro a fazer a coleta padrão de uma arma calibre ponto 50, que já foi utilizada para derrubar aeronaves.


“Até onde eu tenho conhecimento, a primeira coleta padrão de arma calibre ponto 50 BMG, usada para perfuração de blindagens e até derrubar aeronaves, foi realizada aqui. A arma foi utilizada em um assalto a carro-forte na região do Araguaia”. 


DIA DE HOMENAGENS


O Dia Nacional do Perito Criminal é comemorado nesta quarta-feira (4) e homenageia o perito Otacílio de Souza Filho, que morreu tragicamente no ano de 1976, após cair de um penhasco no interior de Minas Gerais enquanto participava de uma investigação sobre duas mortes que tinham ocorrido naquele local.


Os hackers do bem a favor da lei 



A palavra hacker deve causar medo em muita gente, principalmente para quem já teve seus dados vazados ou foi vítima de criminosos que tiveram acesso a suas contas bancárias, computadores e celulares. Na Politec, existem os ‘hackers do bem’, que trabalham a serviço da lei para desvendar crimes e buscar vestígios em computadores, HDs e celulares de pessoas investigadas pela polícia.


A perita Glauce Rodrigues Borges atua na gerência de perícias de computação desde 2015. Formada em ciência da computação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Glauce sempre foi apaixonada pela área e ao estudar sobre computação forense achou interessante e decidiu prestar o concurso.


Neste setor da Politec, é realizada análise de computadores e celulares e equipamentos de informática. “Atuamos especificamente na recuperação de dados, análise de dados e encontrar dentro destes equipamentos informações que possam servir de provas de um crime que está sendo investigado. Tudo que chega aqui para a gente são evidências que podem se tornar provas”, contou Glauce.


CASOS DE PEDOFILIA 


Entre as demandas mais frequentes estão as análises de materiais referentes a crimes de pedofilia. A perita detalhou que apesar de as redes sociais, atualmente, em sua maioria, usarem códigos criptografados, hoje a tecnologia trabalha a serviço da justiça.


“O nosso trabalho é feito nos equipamentos, por exemplo, uma pessoa que usou o Facebook para praticar algum crime, ela acessou de algum equipamento, e esse equipamento (seja computador, tablet, celular) vai deixar rastros. A partir daí, com o equipamento apreendido pela polícia, fazemos essa análise” detalhou.


NOVAS TECNOLOGIAS 


Glauce explicou que por mais que a pessoa apague um arquivo sempre é possível recuperar, seja foto, mensagem ou dados que vão auxiliar a polícia. Atualmente 14 peritos atuam no setor de computação da Politec. A equipe utiliza os mesmos equipamentos utilizados pela Polícia Federal, utilizados também nas polícias forenses do mundo todo.


“A nossa dificuldade é mais com o avanço da tecnologia, pois toda vez que vem alguma coisa nova às vezes a gente faz um trabalho mais demorado, tem que pesquisar para aprender essa tecnologia e conseguir acessar os dados, pois muita coisa vem criptografada e temos que descobrir qual a criptografia que está sendo usada lá”, sintetizou Glauce.


A computação forense tem sido usada como prova no Direito Penal desde meados da década de 1980 e com o avanço da era da informática e tecnologias, cada vez mais demanda chega ao setor responsável por revelar as evidências mais ocultas do submundo da internet.

 
Autor: JEFFERSON OLIVEIRA - Jornal O Estado de Mato Grosso
 

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