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DNA em roupas ajuda a identificar estupradores e é prova cabal, diz perita

Perita criminal explica como a coleta de DNA auxilia em casos de abuso sexual e revela que técnica foi decisiva para prender autor de crimes em série na UFMT

Amostras de DNA em roupas podem ser decisivas na identificação de estupradores, sendo consideradas provas cabais e incontestáveis, explica a perita criminal Rosângela Maria Guarienti Ventura, coordenadora de Perícias em Biologia Molecular da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Mato Grosso.

Em entrevista ao , a especialista destacou a importância de que vítimas de abuso sexual, ao registrarem ocorrência na delegacia, apresentem as roupas usadas no momento do crime. Essas peças podem auxiliar na identificação do agressor, mesmo que a vítima não saiba sua identidade.

“Se houver qualquer marca na roupa, temos técnicas suficientes para coletar o DNA do agressor. Principalmente se houver sêmen, sangue ou outras secreções. O DNA pode permanecer na roupa por tempo indeterminado”, ressalta.

Segundo Rosângela, muitas vítimas sentem medo ou vergonha após o estupro, mas o material genético encontrado é uma prova irrefutável.

“O DNA é uma evidência que não pode ser questionada”, afirma.

“Se houver qualquer marca na roupa, temos técnicas suficientes para coletar o DNA do agressor. Principalmente se houver sêmen, sangue ou outras secreções”

Explica a perita criminal, Rosângela Maria Guarienti Ventura

Após a coleta, os perfis genéticos são inseridos no banco nacional de dados, que pode identificar a participação do agressor em outros crimes, não apenas estupros, em todo o Brasil. “Esse banco de dados é o mesmo utilizado pelo FBI”, observa.

A perita compara a importância do DNA às investigações mostradas em séries policiais.


“É uma prova material aceita de forma incontestável, porque cada DNA é único”, completa.

DNA identificou “predador sexual” na UFMT

Uma amostra de DNA foi suficiente para apontar Reyvan da Silva Carvalho como autor do estupro seguido de morte de Solange Aparecida Sobrinho, de 52 anos, ocorrido no campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, conforme a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Durante as investigações, foram coletadas amostras genéticas de oito suspeitos. Apenas o DNA de Reyvan coincidiu com os vestígios encontrados no corpo da vítima.

“A Polícia Civil encaminhou oito suspeitos. Coletamos saliva de cada um e confrontamos com uma bituca de cigarro encontrada na cena do crime, além do material sob as unhas da vítima, possivelmente deixado durante a luta corporal. O DNA coincidiu apenas com o de Reyvan”, detalha Rosângela.

Além da morte de Solange, o material genético ligou Reyvan a outros três crimes: um estupro seguido de morte e dois estupros. O modus operandi também reforçou a conclusão.

“Temos quatro vítimas em datas diferentes, todas com o mesmo padrão: esganadura seguida de estupro”, explica a perita.

No campo forense, esse tipo de comportamento é caracterizado como o de um “predador em série”. “Ele utilizava o mesmo método: estrangular as vítimas. Duas delas morreram em decorrência das agressões, e em todas houve sexo não consentido”, acrescenta.

Reyvan foi preso na última sexta-feira (29) de agosto.

Em entrevista, o delegado Caio Albuquerque, titular da DHPP, reforçou a robustez das provas. “É um exame altamente confiável. Não há dúvidas de que ele é o autor dos crimes. É até desnecessária a confissão, porque o DNA já comprova a autoria”, disse.

O delegado comparou a força da prova genética à de uma impressão digital. “É como se fosse a digital dele na cena. Não há outro DNA. O perfil é único, 100%”, afirmou.

A identificação só foi possível, segundo Albuquerque, graças ao rigor da investigação.

“A equipe fez a ‘lição de casa’, coletando todos os vestígios possíveis. Essa atenção e seriedade na investigação foram determinantes para descobrir a autoria. Claro que o trabalho de excelência da Politec também foi fundamental”, concluiu.

Autor: João Aguiar - RD News
Data: 08/09/2025