Um laudo da Polícia Técnica (Politec) confirmou ontem (1º) que a morte do menino Rhayron Christian da Silva Santos, de dois anos, após consumir uma bebida achocolatada, foi ocasionada por envenenamento. O menino morreu na semana passada, após consumir a bebida.
Segundo a perícia, foi detectada a substância carbofurano, um pesticida usado em lavouras e residências para combater ratos. O produto foi encontrado em todas as cinco caixas adquiridas pela família do menor.
“Não há qualquer elemento toxicológico. Não há problemas na constituição química da bebida. Foi confirmado o envenenamento”, disse o secretário de segurança Rogers Jarbas, descartando a hipótese de contaminação biológica por bactéria ou fungo, decorrente do processo de fabricação.
O menino foi envenenado involuntariamente pelo comerciante Adônis José Negri, de 61 anos. Ele será indiciado por homicídio qualificado por emprego de veneno em relação ao menor e tentativa de homicídio em relação a outra vítima, de 31 anos, que também ingeriu a bebida envenenada.
O homem confessou que, de fato, colocou veneno na caixa. As investigações da polícia apontaram que o alvo de Adônis era Deuel de Rezende Soares, 27 anos. Deuel é usuário de drogas e constantemente furtava comércios e residências no Parque Cuiabá. Como forma de vingar os furtos, o comerciante resolveu envenenar o produto. Mas ele contava que o autor dos furtos consumiria a bebida; no entanto, Deuel acabou vendendo as caixas do achocolatado.
“Revoltado com os constantes arrombamentos à sua residência, Adônis arquitetou a vingança, fazendo uso de uma seringa para injetar o veneno nas bebidas. Em interrogatório, Adônis confirmou ter envenenado o achocolatado, mas que não tinha intenção de ceifar a vida do Deuel, mas de ratos”, disse o delegado Eduardo Botelho da Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica).
O perito Diego Viana de Andrade conta que conseguiu localizar nas caixas na região onde foi feito um furo, que estava escondido atrás da dobradura. “Ficou evidente que não era vício de fabricação, mas elemento que foi colocado lá” disse.
As informações da polícia apontam que o suspeito Deuel teria furtado a bebida de Adônis e vendido por R$ 10 aos pais do menino. Deuel deve responder por crime de furto por arrombamento. O suspeito confirmou que furtou por duas vezes a casa de Adônis. Mas o mesmo já possui mais de 10 passagens por crimes patrimoniais pela polícia e tinha inclusive um mandado de prisão em aberto.
Os dois suspeitos serão conduzidos ao Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC).
Quanto às especulações de que a casa da família do menor seria um comércio de droga, a polícia disse que não foi confirmada a denúncia, mas que o pai do menor é usuário de crack. Caso seja confirmado, durante o inquérito, que o pai do menor sabia que estava adquirindo produto de origem ilícita, ele poderá responder pelo crime de receptação.
Outros materiais foram apreendidos na casa de Adônis, como uma bandeja supostamente utilizada na manipulação do veneno, um vestígio de achocolatado dentro da geladeira e outras embalagens lacradas de achocolatado. Todos os materiais estão em análise. A seringa e a substância aplicada não foram localizadas na residência. Segundo a polícia, as investigações continuam.
INTERDIÇÃO - O menino de dois anos morreu na semana passada no Parque Cuiabá após ingerir a bebida. A mãe conta que o menino disse que estava com fome e ela deu o achocolatado. Minutos depois a criança passou mal, o menor foi levado à unidade de saúde, mas não resistiu. O produto chegou a ser interditado em todo o país.
Em nota, a Itambé reforçou que desde o dia 25/05, data de fabricação do lote em questão, já foram comercializadas mais de 5 milhões de unidades e não foram registradas reclamações de nenhuma natureza. “A empresa lamenta o ocorrido, se solidariza com a dor da família e reforça seu compromisso com os consumidores brasileiros, ao entregar produtos da mais alta qualidade”, disse.