• SINDPECO - Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais do Estado de Mato Grosso
  • (65) 3622-1399
  • sindpeco@gmail.com









Perito criminal cria equipamento que reconstrói e 'desvenda' projétil que foi deflagrado

Para desvendar que arma foi utilizada no crime, o perito faz o confronto de balística, revertendo o revestimento deformado no impacto do disparo. Isso ajuda a ampliar o campo de análise da perícia porque são as primeiras deformações, causadas pelo cano d.

Um equipamento elaborado há menos de um mês pelo perito criminal Alfredo Jorge tem ajudado o setor de balística da Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec) a desvendar com mais agilidade, e eficácia, os crimes cometidos com armas de fogo. É o reversor de camisa de projétil, que leva o projétil (bala) à sua forma quase original, permitindo saber qual arma foi utilizada no crime.

Para desvendar que arma foi utilizada no crime, o perito faz o confronto de balística, revertendo o revestimento deformado no impacto do disparo. Isso ajuda a ampliar o campo de análise da perícia porque são as primeiras deformações, causadas pelo cano da arma de fogo que indicam de qual arma o projétil saiu.

O equipamento funciona da seguinte maneira: quando uma arma é acionada, ou seja, quando alguém dispara uma arma de fogo, o revestimento do projétil, vulgarmente chamado de camisa, sofre as primeiras deformações ainda no cano do revólver. Em seguida, o projétil sofre novas deformações devido ao atrito com o corpo, seja ele humano ou rígido. Dessa forma, a ponta do projétil é aberta em formato parecido com pétalas, que escondem a primeira camada de deformações na bala.

Para desvendar que arma foi utilizada no crime, o perito faz o confronto de balística, revertendo o revestimento deformado no impacto do disparo. Isso ajuda a ampliar o campo de análise da perícia porque são as primeiras deformações, causadas pelo cano da arma de fogo que indicam de qual arma o projétil saiu.

Reversor de camisa de projétil.

O reversor de camisa de projétil permitiu aos peritos recuperar praticamente toda a forma da camisa, identificando com maior precisão, agilidade e qualidade, o tipo de arma de fogo e o calibre. “Quando o projétil passa pelo cano da arma, o raiamento do cano imprime marcas que ficam na ‘camisa’ do projétil. Sem este equipamento, apenas uma porção do corpo cilíndrico da camisa, cerca de um terço ou menos, é visível e submetido à análise. Já com esta ferramenta, conseguimos recuperar toda a forma da camisa, e assim, ampliar o campo de análise utilizado para o exame de confronto balístico”, explica Jorge.

O aparelho consiste em cilindros de polímero que possuem orifícios compatíveis com os calibres de projéteis a serem recuperados, e uma haste de aço inoxidável que ajuda a garantir o formato cilíndrico que o mesmo dará à camisa do projétil. Este é colocado sobre uma base (tipo copo) que irá receber a camisa após a sua recuperação. Por meio da ferramenta é possível reconstruir camisas de projéteis deflagrados de diferentes calibres, entre eles: 32 S&WL, 38 Special, 9mm Luger, .380 Auto, .357 Magnum, .40 S&W e outros projéteis com calibres similares.

Por meio da ferramenta é possível reconstruir camisas de projéteis deflagrados de diferentes calibres, entre eles: 32 S&WL, 38 Special, 9mm Luger, .380 Auto, .357 Magnum, .40 S&W e outros projéteis com calibres similares.

Conhecimento compartilhado

Alfredo Jorge, que é doutor em Física pela USP (Universidade de São Paulo) e professor aposentado da faculdade de Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), conta que a ideia surgiu de uma conversa com um colega de trabalho. “Durante uma perícia, conversando com um colega, ele falou que um outro perito havia comentado sobre uma forma de voltar as camisas de projéteis com orifícios em uma barra de tecnil. Comprei a ideia, pensei na forma que deveria dar ao equipamento e o produzi”, explica.

A concepção do equipamento foi dada completamente com recursos próprios e colaboração de amigos que ajudaram com um torno e serviços de torneiro para a moldagem do instrumento. “Além destes, todo o case foi produzido em casa, nos horários noturnos e finais de semana”, relata o físico.

Nenhuma informação de similares foi encontrada, tanto na internet, quando no meio comercial, nem no Brasil, nem no exterior. Isso significa que MT pode ser o precursor na utilização do recurso, que já proporciona resultados positivos à Politec.

Segundo Jorge, durante as pesquisas para construção do reversor, nenhuma informação de similares foi encontrada, tanto na internet, quando no meio comercial, nem no Brasil, nem no exterior. Isso significa que Mato Grosso pode ser o precursor na utilização do recurso, que já proporciona resultados positivos à Gerência de Balística da Politec.

Alfredo Jorge não demonstra preocupação em patentear sua criação. Para ele, o conhecimento deve ser disseminado sem interesses financeiros. “Eu creio que não é caso de patente porque eu não considero isso uma invenção. Isso só serve para quem mexe com confronto balístico aqui na sede da diretoria metropolitana da Politec”, explica.

“Eu nunca faço as coisas para ganhar dinheiro e sim para facilitar o serviço. Eu fiz para a Politec usar aqui na balística. Se outros estados tiverem interesse em utilizar, eu passo para eles como faz. Eu não tenho problema em disseminar o conhecimento porque a vida inteira eu fui professor. Então, o que eu aprendo eu procuro passar para as pessoas”, esclarece o profissional. 

Autor: site Reporter MT
Data: 15/02/2016