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Peritos criminais estudam a interferência de cobre em resultados falso-positivos para sangue humano

A pesquisa de sangue humano em materiais contendo cobre pode apresentar resultados falso-positivos, devido a reações químicas entre o cobre e a solução extratora utilizada no exame.

O fenômeno pode ocorrer com solução à base de azida de sódio (NaN3), utilizada na extração de supostas manchas de sangue e pode reagir com o cobre. A solução extratora acompanha o kit imunocromatográfico, usado pelos laboratórios periciais.

Esta é a constatação que chegaram os peritos oficiais criminais do Laboratório Forense da Politec, após pesquisa que identificou o cobre como agente da interferência química no teste.

Os estudos estabeleceram ainda controles negativos para evitar erros nos laudos e inferiu os mecanismos de interação entre o cobre e os anticorpos específicos para hemoglobina humana.

O Estudo foi publicado na última edição da Revista Brasileira de Criminalística e será apresentado no XXIII Congresso Nacional de Criminalística, em novembro.

De acordo com o perito criminal Nelson Massayuki Yoshitake, este fato pode ocorrer em materiais que possuem cobre em sua composição, como projéteis de arma de fogo, moedas, utensílios, cadeados e bijuterias, por exemplo. “O objetivo foi testar se o produto da reação química da azida de sódio com o cobre pode causar uma possível interferência nos testes imunocromatográficos para sangue humano, resultando em falso-positivos em amostras sabidamente sem sangue humano”, destacou.

Em testes realizados, os peritos imergiram moedas de R$0,05; R$ 0,10; R$0,25; R$ 0,50 e R$ 1 para observar a reação química. As cinco moedas foram imersas separadamente em solução extratora e deixadas em repouso, gerando amostras para seres testadas após 1, 2, 4 e 42 horas.

Em seguida, observou-se que materiais contendo o metal cobre sofreram reação química, conferindo ao líquido, a tonalidade azul, cuja intensidade aumentava em função do tempo e culminava em falso-positivos para sangue humano.

Após diversos experimentos e ensaios em laboratório, os peritos conseguiram encontrar algumas soluções para o problema. Para materiais contendo cobre, é recomendado extrair o material para pesquisa de sangue humano, através de água ultrapura.

Para os casos de dúvida sobre a possível interferência no teste, recomendou-se a utilização do reagente de Adler-Alcarelli (Benzidina). “Verificamos a eficácia da benzidina como controle negativo, ou seja, um resultado positivo pra sangue humano no teste imunocromatográfico e não reagente para a benzidina descartaria a presença do sangue, apontando para a possível interferência do cobre’’, afirmou.

Ensaios realizados envolvendo diferentes secções da tira de teste permitiu inferir ainda que o cobre interage com os anticorpos anti-hemoglobina humana, causando assim tais, resultados.

O trabalho foi desenvolvido pelos peritos criminais lotados no Laboratório Forense, Nelson Massayuki Yoshitake, Luciana Barros Coelho, Camila Gonzaga Resende, Géter Sinear Jesus Bizo, Heitor Simões Dutra Correa, Juliana Fabris Lima Garcia, Paulo Sérgio Vasconcelos de Oliveira, Andrea Correia Carneiro. Leia o artigo aqui  

Autor: TITA MARA TEIXEIRA/ Assessoria Politec-MT
Data: 05/10/2015