• SINDPECO - Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais do Estado de Mato Grosso
  • (65) 3622-1399
  • sindpeco@gmail.com









Politec precisa de investimento e pessoas para funcionamento

Embora existam várias diferenças entre os recursos reais de trabalho e os métodos aplicados na ficção, a exemplo da série CSI (Crime Scene Investigation), o uso da tecnologia e da ciência nas investigações criminais, em alguns procedimentos, em Mato Grosso, é bem distante da realidade encontrada em países desenvolvidos, como os Estados Unidos (EUA).

Desvinculada da Polícia Civil, a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) é o departamento técnico-científico responsável por realizar os exames criminais e as identificações civis e criminais do Estado, sendo que um dos casos em que a perícia foi decisiva foi o acidente do avião da Gol com o jato da Legacy, que matou 154 pessoas, em 2006.

À época, concluiu-se que a colisão só ocorreu porque os pilotos do Legacy desligaram o aparelho que avisa sobre aproximação de outra aeronave e não respeitaram a altura prevista para o voo.

Em meio aos altos índices de criminalidade, a diretoria da Politec afirma que o órgão estadual “acompanha as evoluções das ciências forenses, aplicando-a à realidade local com os instrumentos e métodos mais eficazes disponíveis nesta área”.

Mas esta não é a mesma visão de representantes do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais de Mato Grosso (Sindpeco), que garantem que a realidade do Estado não é ruim, mas está longe de ser uma referência.

De acordo com o ex-presidente e atual tesoureiro do Sindpeco, Márcio Godoy, um dos motivos para esse atraso é resultado da falta de investimento em equipamentos de ponta.

Conforme Godoy, uma dessas carências encontra-se no setor de documentoscopia forense, que analisa e identifica os diversos tipos de falsificações e adulterações em documentos, moedas, selos, cartões de credito, cheques, contratos, procurações, certidões de nascimento, óbito, entre outros.

Segundo ele, o aparelho disponível atualmente é desatualizado e precário. “O equipamento que temos hoje dá muita manutenção, que é cara, sem falar no especialista que precisa vir de fora”, comentou. “Hoje, o que temos é um VSC 5000, mas precisamos de, no mínimo, de um VSC 6000”, acrescentou.

Outro exemplo citado pelo sindicalista é o Laboratório Forense, onde, devido à grande demanda, por vezes faltam insumos para exames de DNA e teor alcoólico. “Existe uma grande procura e falta de insumos”, afiançou.

Godoy também aponta a necessidade de atualização de softwares e de capacitação permanente dos profissionais. “O trabalho exige essa qualificação permanente. Hoje ocorre, mas de forma isolada e pouca”, afirmou.

Quanto ao efetivo, segundo ele, a situação na Grande Cuiabá melhorou com o último concurso realizado pelo Governo, mas nas demais regiões do Estado “ainda está longe do ideal”.

Por meio da assessoria de imprensa, a diretoria da Politec informou que, além de equipamentos inerentes ao trabalho de perícias de crimes contra a vida e patrimônio, o órgão “está em constante atualização com o desenvolvimento de novos métodos reconhecidos mundialmente, e pesquisas em parcerias com universidades e institutos de pesquisa, que buscam trazer mais precisão e consistência aos laudos periciais”.

Dentre os equipamentos utilizados no dia-dia pelos peritos em local de crime, então a luz forense, kit de verificação de trajetória balística, trenas eletrônicas, GPS, luminol, kits de coletas de impressão digital e maletas de perícia.

“A perícia criminal de Mato Grosso não perde para os grandes centros com relação à estrutura de equipamentos e de pessoal. Dispomos de bons equipamentos e o quadro de servidores em constante treinamento, buscando o que há de mais avançado na área de perícia e identificação técnica, com a participação em congressos nacionais e internacionais. Inclusive, sendo reconhecida pelos trabalhos inovadores realizados que contribuem com a Justiça Criminal”, afiançou.

Perfis genéticos

Porém, A Politec reconhece que, em relação a países desenvolvidos, como os Estados Unidos, em alguns processos o Estado ainda está distante. Em outros, busca a equiparação aos métodos internacionais.

“Exemplo disso é o avançado método de identificação genética, disponível no Laboratório Forense. O método desenvolvido pelo FBI (Policia Federal Americana) amplia os campos de buscas por suspeitos de crimes hediondos e também por pessoas desaparecidas em todo país, a partir da sincronização de perfis genéticos coletados em local de crime”, citou.

A tecnologia, conforme a Politec, está disponível em Mato Grosso e em outros 16 estados brasileiros que compõem a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos. 

Autor: JOANICE DE DEUS DIÁRIO DE CUIABÁ
Data: 15/07/2015